Mãos dadas – Carlos Drummond de Andrade

Quem não conhece as poesias do mineiro Carlos Drummond de Andrade?

carlos_drummond_de_andradeEu não conheço Itabira, não caminhei pelas ruas de Friburgo, nem pelas redações do Rio de Janeiro onde Drummond trabalhou. Mas viajei pelos seus poemas, que traduzem em palavras simples, sentimentos complexos que até hoje nos afligem, preocupam, ocupam e angustiam.

Os temas de seus poemas ainda são incrivelmente atuais.  Chama-me a atenção o fato de nós, humanos, depois de mais de 60 anos em que o poema foi escrito, ainda nos deparamos com os mesmos paradigmas existenciais que atormentavam pessoas de gerações passadas. Por quê?

Às vezes me pergunto se essas reflexões se repetem em cada um de nós, em cada época da vida, mas cada um precisa passar por isso de forma individual e solitária. Será mesmo que as coisas precisam ser assim?

Acho que o meu inconformismo se responde com a criação do Gente com Gente.

E para pensar o assunto, trago para vocês hoje o poema Consolo na praia.

Vamos, não chores
A infância está perdida
Mas a vida não se perdeu
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.
Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.
Algumas palavras duras
Em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas e o humor?
A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
Murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.
Tudo somado, devias
Precipitar-te de vez nas águas.
Estás nu na areia, no vento…
Dorme, meu filho.

O poema descreve uma realidade que eu já passei, ainda passo e talvez, você também já tenha passado. Não passou???

Imagem por carlosdrummonddeandrade.com.br

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4 comentários Adicione o seu

  1. Obrigada pelo comentário, Camilla.
    Tento trazer assuntos que geralmente pensamos sozinhos no nosso canto e nem sempre temos coragem de comentar com alguém. E com a contribuição de pessoas tão especiais como você, tenho certeza que o meu sonho pode se tornar realidade!
    Abraços
    Fernanda

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  2. Viajar pela suas palavras faz muito bem. Continue com o blog amiga, pois você traz algo de bom para o dia de qualquer pessoa que parar para lê-lo!

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  3. Oi professora! Gostei muito da ideia do blog.
    E esse poema é perfeito! Beijo 🙂

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    1. fsuguino disse:

      Oi Bárbara,
      Quem bom que gostou da ideia! Às vezes precisamos de um pouco mais de espaço para expor o que pensamos!
      Gostei de ter notícias suas!
      Beijos
      Fernanda

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